Desafios da avaliação da informação
O riscos e perigos da ‘infopoluição’ podem provocar inúmeros efeitos, mais ou menos graves, para os utilizadores da Internet, principalmente para os mais novos:
- perda do espírito crítico (fuga, renúncia ao trabalho de selecção, preguiça intelectual diante da facilidade de acesso)
- risco de relativismo total (colocar todos os tipos de informação e todas as fontes no mesmo plano)
- perigo de intoxicação pelos rumores, desconfiança em relação às informações difundidas (oficiais e mediáticas)
- ilusão de informação, confundindo-a com conhecimento, com cultura
Os desafios da avaliação da informação são desafios educativos, de formação intelectual, de desenvolvimento do espírito crítico e da capacidade de julgamento dos indivíduos.
Ao contrário do problema dos motores de busca (aperfeiçoados sem cessar), a questão da avaliação é uma questão puramente cognitiva, não automatizável, que diz respeito á dimensão ‘humana’ da informação.
A formação dos utilizadores (alunos, professores…) para a avaliação da informação não pode assentar em competências técnicas, nem em receitas ou soluções ‘chave na mão’ (certas ilusões ingénuas ou crenças excessivas nas capacidades técnicas).
Sobre a técnica do rastreamento ocular (eye-tracking), Alexandre Serres conta que uma empresa informática francesa utiliza um dispositivo técnico (um ‘oculómetro’, um eye-tracking) permitindo seguir os movimentos oculares dos internautas lendo uma página Web: Graças a este equipamento, podemos julgar objectivamente a pertinência da organização das páginas e da informação, validar ou não a solução gráfica adoptada, verificar se cada zona de cada página cumpre o objectivo que lhe é cometido… (Pierre Barthélèmy). Coloca também uma questão – para além da ‘performance’ técnica e do interesse real deste dispositivo para compreender as práticas de leitura dos documentos digitais, até que ponto será suficiente para avaliar um site Web?
in Público na escola, nº200, Fevereiro 2010